O miniDoc conta um pouco do que é a tradição da Marujada de São Benedito por quem realmente vive a raiz da manifestação expressa em preto e branco.
O mercado do Distrito de Bogotá, Samper Mendoza, vira o centro de recepção de folhas de bananeira na cidade. Estas folhas cultivadas por famílias camponesas e indígenas do sul do Tolima, são cortadas, dobradas e empacotadas para serem levadas aos mercados locais e municipais. Este é um mercado que teria se perdido, se não fosse pela persistência das famílias que o fazem possível, desde a produção até o consumo das folhas de bananeira. Os mercados públicos e a compra e venda das folhas de bananeira, tecem uma rede que pode ser considerado um patrimônio cultural da cidade. Este documentário é resultado da pesquisa "Las Plazas de Mercado se tejen con amasijos de maíz y envuelven con hojas de plátano". Projeto ganhador da bolsa "Patrimonio a la Plaza, Volver a las Plazas de Mercado" do Instituto Distrital de Patrimonio -IDP-. 2014.
Lembranças entre a cidade e a floresta, dos cantos e dos rios, da fumaça à coca, e os alimentos que fazem as mulheres.
Gary vende balões nos metrôs de Nova York e sonha em aprender mágica.
Quem passou primeiro foi São benedito é um curta documental que retrata a história de Maria Luiza, coureira e mãe de santo, através das narrativas sobre seus laços religiosos no tambor de crioula e no tambor de mina. Com 78 anos, quase todos dedicados àencantaria e a Punga, Dona Maria tece memórias sobre suas experiências religiosas que se alargam em toda a sua história de vida, perpassam seus movimentos cotidianos, produzem afetos e são um constante retorno à sua ancestralidade e trajetória familiar. A importância de suas obrigações religiosas junto a São Benedito e os encantados, os significados que envolvem o seu trabalho junto a essas manifestações vão de encontro aos percursos e composições de sua vida, sendo assim inseparável de toda a sua história e do seu caminho trilhado desde os primeiros passos. A biografia contida em suas falas e corporalidades revela sua relação com a comunidade onde reside, no bairro do Anjo da Guarda na capital São Luís, que é uma área de grande concentração de migrantes oriundos da Baixada Maranhense, também considerada como um grande "Quilombo Urbano", local de resistência e disseminação das manifestações afro-maranhenses. As narrativas de Maria Luiza vão de encontro ao entrelaçamento existente entre o tambor de crioula e o tambor de mina, o estreito vínculo entre cultura e religião afro-brasileira no Maranhão e como essas trocas se perpetuam em múltiplas formas, contornos e histórias representando assim, a diversidade da herança cultural negra no Estado, sua fluidez e circulação entre lugares e pessoas, cruzamentos que revelam a complexidade e riqueza destas relações.
Durante a Rio+20, pretendíamos filmar a participação indígena no evento. Todo mundo teve a mesma ideia. Era só o que se filmava. Então, mudamos de foco, e exploramos uma das ideias centrais de Guy Debord, "Essa sociedade que suprime a distância geográfica recolhe interiormente a distância, como separação espetacular".
Esse filme é uma oferenda aos olhos e ouvidos. É a voz do caboclo e de um povo que conta uma historia de resistência negra. A partir de um trabalho junto à comunidade do Ilê Asé Oju Ogún Fúnmilaiyó na tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina, abordamos as praticas religiosas, dentro e além dos muros dos terreiros.
Djalma Sabiá, o último remanescente vivo da fundação da Escola de Samba carioca Acadêmicos do Salgueiro, vive em sua casa que é tanto sua moradia quanto seu museu do carnaval carioca. Para a câmera ele reflete sobre a memória, a passagem do tempo, e sobre sua história, que se confunde com a própria história do samba.
Guarassuy é minha vizinha na Rua da Relação onde moro no Rio de Janeiro. Nascida numa aldeia Arawak perto da fronteira com a Venezuela, ela contou-me que foi trazida para a cidade pelos famosos antropólogos VillasBoas quando era ainda menina. Este filme estabelece um paralelo entre a sua trajetória, e o projeto de expansão do território iniciado por Getúlio Vargas no século XX.
O filme etnográfico trata de um grupo de mulheres/boys, trans, que se forma dentro de um presídio feminino em Recife/PE para ver os jogos do Brasil na Copa do Mundo, motivado pela presença de uma equipe de filmagem e uma antropóloga pesquisadora de crimes praticados por mulheres em posição de liderança. O filme mostra a formação deste grupo em torno do “jogo de bola", não só do assistir aos jogos da copa, mas em torno da oportunidade de jogar bola depois de ver os jogos. Jogar bola é tão ou mais importante do que assistir aos jogos. Nesse momento os “boys da cadeia" reafirmam sua identidade masculina, correm, gritam, chutam, fazem gol, são jogadores ativos e não espectadores passivos de uma vida que se passa “lá fora". A vida continua na cadeia. Se a cadeia é um constante cercear e “trancar", o jogo de bola, em sua ludicidade e sociabilidade, torna-se símbolo e momento único do exercício da liberdade, de ser jogador, de correr como um menino, de ser menino.
Putta acompanha o relato biográfico de três mulheres da fronteira Brasil, Paraguay e Argentina. As três vivem em Foz do Iguaçu (Brasil) e trabalham no ambiente da prostituição. O filme atravessa as complexidades da vida pessoal destas três prostitutas, que trabalham na rua ou em casas de prostituição, a transexualidade, a família e a maternidade nestes contextos.
Em Pogue nós amamos os “Alabados" porque são canções que nos unem e nos contam historias. As pessoas sempre se perguntam o que que faz a sua música tão especial que nos faz dar arrepios. Aqui são cozidos, sob o calor húmido, a chuva, a memória dos mortos, os trabalhos no rio e os domésticos; essas músicas que buscam manter a nossa herança religiosa e fazer resistência a partir da memória.
O documentário resulta de inúmeros registros de narrativas biográficas de velhos, homens e mulheres, reunidos pela equipe de pesquisadores do BIEV, nos últimos 7 anos, no interior do Estado do Rio Grande do Sul e na região metropolitana de Porto Alegre, verdadeiros guardiões da memória coletiva da sociedade gaúcha e de seus mitos fundacionais. Vidas marcadas por um cortejo de estórias fantásticas sobre bruxas e lobisomens, de assombros, guerras e lutas, interpretados a partir de um repertório de lembranças e recordações de situações e acontecimentos históricos por eles vividos.
O documentário narra ao espectador as aventuras do Capitão Zé Carreiro para vivenciar o sentido do sagrado se remetendo sempre aos antepassados africanos que foram trazidos como escravos para uma região de intensas tradições culturais, Coronel Xavier Chaves. Esta pequena cidade se remonta ao povoado de Mosquito, que se desenvolveu a partir de uma antiga fazenda pertencente ao coronel Francisco Rodrigues Xavier Chaves, bisneto da irmã mais nova de Tiradentes, Antônia Rita da Encarnação Xavier. O coronel ávido pela chegada do progresso na região, doou parte de sua propriedade e fez nascer ali um pequeno povoado no início do século XIX. Nesse sentido, através de seus depoimentos, o filme mostra o percurso de seus devotos para entender como os congadeiros, liderados pelo Capitão Zé Carreiro, elaboram um tipo de identidade nem sempre considerada como tal, devido aos fortes vínculos com o catolicismo, neste caso Nossa Senhora do Rosário.
As crianças da aldeia Aiha Kalapalo, do Parque Indígena do Alto Xingu (MT), são as protagonistas desse filme e escolheram mostrar alguns aspectos da sua rotina e da sua cultura. Da escola, onde aprendem o português até os rituais e a luta ikindene, os pequenos Kalapalo demonstram uma sutileza peculiar de quem conhece suas tradições. Osiba Kangamuke - Vamos Lá, Criançada, é resultado de uma oficina de vídeo realizada com as crianças na aldeia assim elas participam não só na frente das cameras, mas também em todo o processo de gravação. O filme é uma produção coletiva de cineastas indígenas e não-indígenas e antropólogos.
O documentário acompanha parte do processo de autodemarcação das aldeias do povo Tupinambá do baixo Tapajós que buscam pressionar o governo para reconhecer a área em que vivem como território indígena. Essa luta pela terra evidencia a ligação que esse povo tem com a natureza que é constantemente atravessada pela cosmologia e pela relação que eles estabelecem com os Encantados.
A partir da história do Babalorixá e Mestre da Jurema, Pai Alex de Xangô, o documentário apresenta traços do imaginário afro-nordestino e suas crenças religiosas, além de seu modo de entender e viver o mundo. "O Juremeiro de Xangô" mostra ainda que as sabedorias dos antepassados e sua tradição oral, continuam vivas e significantes na região do agreste de Alagoas.
A comunidade quilombola do Acabatal é um retrato de 300 anos de luta pela direito à terra na Amazônia. Situada em Ananindeua- PA, os descendentes de escravos tentam sobreviver, ao mesmo tempo, que a comunidade sofre com ameaças da expansão imobiliária, violência e falta de infraestrutura. Os moradores também procuram se reconectar com suas raízes africanas seja na cultura, na religião ou na própria aceitação de sua identidade.
Em 1953, treze anos depois do início da célebre “Marcha para o Oeste", os indigenistas irmãos Villas-Boas encontram, entre os índios Kaiapó, o jovem João Kramura, um branco roubado de seus parentes e criado na tribo. Através do índio Funi-ô Thini-á, reconstitui-se a história de João e também a do próprio Thini-á, que compartilha o mesmo trânsito atribulado entre dois mundos. Seguindo os passos de João, que encontra ressonância nos de Thini-á, colocam-se em cheque a ruptura da cultura indígena diante da invasão branca e a evolução dos conceitos de antropólogos e indigenistas ao longo de 60 anos.
Em Minas Gerais, toques de sinos anunciam e marcam o ritmo da vida dos moradores das cidades históricas. O tempo do trabalho, do descanso, da oração, da celebração. Os sineiros, personagens do alto das torres, aprendem como comunicar mortes, partos, incêndios, missas e horários sacros. Os toques dos sinos de hoje se transformaram através do tempo, misturando à sua origem colonial a forte presença africana no Brasil. O documentário é uma representação da experiência religiosa no cotidiano e busca o universo simbólico da fé íntima e das cidades onde reverberam os toques dos sinos, registrados como patrimônio imateriais brasileiros.
Um mergulho, a luz do sol do meio-dia atravessa a água a pique. O ar que está nos seus pulmões terá que chegar até que se consiga arrancar o haliote. Estes mergulhos são dados no Japão há mais de 2000 anos pelas Ama-San.
Preservando um modo de vida ancestral, protegendo um território natural, os Tembé, cidadãos brasileiros e povo indígena, contribuem para a conservação da biodiversidade e à luta contra o aquecimento climático. Assim eles participam para a construção de um futuro viável para todos.
Sines, complexo industrial e porto atlântico. Os contornos dos grandes navios no horizonte já se tornaram uma imagem familiar. Mas por entre estes gigantes, resiste uma geração que representa a pesca tradicional e resiliência de uma actividade que teima em resistir à passagem do tempo. Entre tradição e inovação, a pesca continua a ser em Sines uma força viva. Durante um ano, a equipa de Mar de Sines percorreu esta costa e conviveu diretamente com as suas comunidades costeiras, registando a forma como estas vivem com o mar e os seus recursos. O mar é o ponto de atração para onde todos os protagonistas convergem. Este mar é simultaneamente o adversário a enfrentar e a figura paternal que dá o sustento. O filme parte à procura das estratégias que estas comunidades adotaram para viver de um meio inacessível e inóspito. Desde uma simples jangada de canas, passando pelos mariscadores e pelas artes mais complexas, como a rede de tresmalho e o cerco, descobrimos a importância dos gestos, das sonoridades e dos artefactos que hoje se encontram no limiar da existência, como a zinga, o chui, o ribileva, os alcatruzes de barro ou os caixotes de aparelho. Partindo da memória colectiva, narrada na primeira pessoa, num processo de cinema com a comunidade, são retratadas três gerações que fizeram da pesca a sua vida.
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