Júri Oficial

Renato Athias – Presidente do Júri

É coordenador geral do Festival Internacional do Filme Etnográfico do Recife. Possui graduação em Filosofia pela Faculdade Dom Bosco de Filosofia Ciências e Letras (1975), mestrado em Etnologia – Universidade de Paris X, (Nanterre) (1982) com a dissertação sobre a Noção da Identidade Étnica na Antropologia Brasileira. Doutorou-se em Etnologia pela mesma Universidade (1995). Realizou estudos na área de mídia e televisão na Universidade de Southampton (Reino Unido). Atua como coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Etnicidade (NEPE) da UFPE e, é Professor Adjunto do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFPE. Atualmente coordena o Laboratório de Antropologia Visual do Núcleo Imagem e Som & Ciências Humanas da UFPE.

Divino Tserewahú

É um grande pioneiro no cinema indígena no Brasil e um dos maiores realizadores deste tipo de produção, além de líder comunitário do povo Xavante. Divino Tserewahú nasceu em 1974 na aldeia Sangradouro, no estado de Mato Grosso. Inicia sua carreira seguindo o trabalho iniciado por seu irmão e começa a aprender sobre captação audiovisual ainda em 1990, quando a comunidade Xavante de Sangradouro recebeu sua primeira câmera de filmagem em VHS, e não para mais. A partir daí, começa com suas produções e seus belíssimos registros de cerimoniais e festas para o público restrito da aldeia. Em 1995 participou da equipe de produção do Programa Índio, primeiro programa indígena televisionado no Brasil, a série foi produzida pelo Projeto Vídeo nas Aldeias em colaboração com a emissora de televisão da Universidade de Mato Grosso. Em 1997, Divino participou da primeira oficina de formação de cineastas indígenas do Brasil, organizado pelo Projeto Vídeo nas Aldeias, realizado em sua aldeia Sangradouro. O primeiro trabalho individual de Tserewahú para um público não xavante foi Heparí Idub’radá / Obrigado, irmão (1998), no qual ele descreve, com muita sensibilidade, o caminho que o levou a se tornar um cineasta.

Amalia Cordova

Acadêmica transdisciplinar, professora e curadora. Realizou grande parte da vida profissional em espaços museológicos e educacionais que se relacionam com os saberes indígenas, integrando constantemente o prático e o teórico. Preocupada com questões de voz e representação. Dirigiu e produziu vários documentários, em sua maioria dirigidos coletivamente, e co-produziu uma série para a web, Urban Indians, com foco em cinema latino-americano, indígena, comunitário, étnico e documentário e videoarte. Possui um extenso trabalho no Museu Nacional do Índio Americano (NMAI) da Smithsonian Institution, onde desenvolve programas latino-americanos e latinos no Film and Video Center do NMAI. O Centro de Cinema e Vídeo (FVC) é o principal recurso da nação em mídia indígena nas Américas e é internacionalmente reconhecido por seu trabalho inovador em filmes indígenas e por produzir o festival de filmes indígenas hemisférico de maior duração, o Festival de Filmes + Vídeo Nativos Americanos. Na FVC, organizou exibições e trouxe diretores de cinema de todas as Américas para apresentar seus trabalhos nos Estados Unidos e Canadá, ocasionalmente fazendo turnês com programas de vídeo em âmbito nacional. Atua em vários festivais de cinema internacionais, incluindo o Tribeca Film Institute, o Morelia International Film Festival e o Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Povos Indígenas, curadora de programas de filmes para festivais internacionais e aconselhei o NATIVe da Berlinale e a co-curadoria de programas públicos importantes, incluindo os programas anuais Mother Tongue Film Festival e On the Move do Smithsonian Folklife Festival (2017 e 2018). Co-dirije o Mother Tongue Film Festival, que exibe obras sobre ou em línguas indígenas ou minorizadas em perigo, em vários locais em Washington D.C.

Takumã Kuikuro

É cineasta, coordeador do Coletivo Kuikuro de Cinema, vive na aldeia Ipatse, na Terra Indígena do Xingu. Teve filmes premiados em festivais como os de Gramado e Brasília, e no Presence Autochtone de Terres em Vues, em Montréal. Co-dirigiu o longa-metragem As Hiper Mulheres (2011), além de vários curtas-metragens e médias-metragens, tais como: O Dia em que a Lua Menstruou (2004), O Cheiro de Pequi (2006), Karioka (2015), Ete Londres: Londres como uma Aldeia (2016), Xandoca (2019) e, mais recentemente, Território Pequi (2021). É formado em edição pela Fundação Darcy Ribeiro, realizou residência artística em Londres e oferece oficinas de produção audiovisual entre povos indígenas da Amazônia. Em 2017, recebeu o prêmio honorário Bolsista da Queen Mary University London. E foi, em 2019, o primeiro jurado indígena do Festival de Cinema Brasileiro de Brasilia, idealizador 1 ° festival de cinema e Cultura Indígena 2022.

Vincent Carelli

É cineasta e indigenista, fundou em 1986 o Vídeo nas Aldeias: projeto que apoia as lutas dos povos indígenas para fortalecer suas identidades e seus patrimônios territoriais e culturais por meio de recursos audiovisuais. Desde então, coordenou a formação de gerações de cineastas indígenas e produziu uma série de 17 documentários sobre os métodos e resultados deste trabalho, que têm sido exibidos por emissoras de TV e festivais de cinema em todo o mundo. A Arca dos Zo’é (1993), um de seus primeiros filmes, foi premiado em diversos festivais, entre eles o 16º Tokyo Video Festival e o Cinéma du Réel 1994. Em 2009, Carelli lança Corumbiara, grande vencedor do 37º Festival de Gramado, sobre o massacre de índios isolados em Rondônia, primeiro filme de uma trilogia em desenvolvimento, que traz seu testemunho de casos emblemáticos vividos em 40 anos de indigenismo no Brasil. Martírio, o segundo filme desta série, foi lançado em setembro de 2016 e circulou por diversos festivais, integrando a competitiva oficial do Cinéma du Réel 2017 e sendo premiado como Melhor Filme no 31º Festival Internacional de Cine de Mar del Plata e Prêmio Especial do Júri Oficial no 49º Festival de Brasília. Adeus Capitão, longa-metragem que se encontra em fase de desenvolvimento, encerra a trilogia.

Além da produção em cinema, Carelli dirigiu, roteirizou e produziu a série Índios no Brasil para a TV Escola do Ministério da Educação, uma introdução ao mundo indígena para estudantes. Composta por dez capítulos, a série teve 10 mil cópias distribuídas em escolas públicas e é reprisada há anos pelas redes públicas de TV, atingindo milhões de brasileiros. A coleção de DVDs Cineastas Indígenas, que reúne toda a produção dos cineastas formados pela VNA e conta com um guia didático para professores, foi distribuída gratuitamente para 2.600 escolas de ensino médio e instituições ligadas aos movimentos sociais. Em 1999, Carelli recebeu o Prêmio UNESCO pelo respeito à diversidade cultural e pela busca de relações de paz interétnicas.

Ailton Krenak

Ailton Krenak é um ambientalista, jornalista, educador, escritor e líder indígena de renome nacional e internacional. Foi responsável pela conquista do “Capítulo indígena” da Constituição de 1988, que decretou os direitos as terras indígenas. Fundou na década de 80 a organização não governamental “Núcleo de Cultura Indígena” e desde então passou a se dedicar exclusivamente aos movimentos indígenas. Ficou conhecido ao pintar seu rosto de tinta preta de jenipapo para protestar contra os retrocessos na luta pelos direitos dos povos originários. Atuou na década de 90, participou da Aliança dos Povos da Floresta, cujo objetivo era estabelecer uma reserva natural na Amazônia para sustentar a economia com a extração da borracha do látex e outros produtos naturais. Atuou como professor de Cultura e História dos Povos Indígenas da UFJF e de Artes e Ofícios dos saberes tradicionais.

Paride Bollettin

É doutor em antropologia pela Università degli Studi di Siena na Itália e tem experiência em várias instituições universitárias na Europa, Africa e no Brasil. Atualmente é Assistant Professor no Department of Anthropology, Faculty of Science, Masaryk University (Czech); Professor Permanente do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade Estadual Paulista (Brasil); e e Honorary Research Fellow do Department of Anthropology da University of Durham (UK). Já foi membro de juris de festivais de filmes etnográficos na Itália, Brasil e Letônia. As principais áreas de interesse são etnologia indígena, antropologia visual, antropologia ambiental e antropologia museal.

André Lopes

Desde 2008, pesquisa, trabalha e convive com os povos Manoki e Myky de Mato Grosso, atuando como antropólogo e documentarista. Participou da formação de realizadores indígenas nos povos Wayana, Apalai, Wajãpi, Tiryó e Guarani, e é co-fundador do coletivo Ijã Mytyli de cinema Manoki e Myky. Doutorando em antropologia social pela USP e pesquisador visitante da NYU.